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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Caros amigos,
Há 29 anos procuro pelo escoteiro Marco Aurélio. Meu filho. Muitos conhecem esta história, listada entre os três desaparecimentos mais intrigantes do mundo, ocorrido no Pico dos Marins, perto de Piquete, SP, no dia 8 de junho de 1985.
Meus companheiros da imprensa sempre me ajudaram nesse longo período.
Depois de tantos programas, hoje (16/12/14) o Tá na Tela da Band dedicou cerca de 20 minutos ao assunto, mas com um enfoque diferente.
Fez uma reconstituição na Serra da Mantiqueira, local do desaparecimento, com atores que encenaram com fidelidade o que teria acontecido naquele dia.
A equipe da Band teve uma dedicação incrível na coordenação das gravações.
Um trabalho que começou meses atrás, quando recebi um telefonema, dia 30 de setembro, do jovem Clésio Souza, da produção da Band, sobre como poderíamos abordar o fato com algum diferencial, comentando sobre uma eventual reconstituição.
Veio à minha casa e viu todo o material que tenho em arquivo.
Levou a idéia e a pauta foi aprovada.
Na sequência, a repórter Livia Zuccaro veio entrevistar a mim e minha esposa Neuma.
Dia 18 de novembro, uma equipe da TV, orientada pelo Alexandre, e os jovens atores, acompanhados de suas mães, foi feita a reconstituição no Pico dos Marins, com a colaboração do jornalista Rodrigo Nunes e do guia João Correia, que na época ajudou nas buscas.
Dias depois a equipe foi entrevistar Marco Antonio, o irmão gêmeo de Marco Aurélio, em São Bernardo do Campo.
O resultado foi esta brilhante reportagem exibida hoje. Feita com carinho, dedicação e, acima de tudo com grande responsabilidade.
Decidi relatar todos os passos do trabalho da TV para que, quem me lê agora e não conhece esse tipo de trabalho, veja como é preciso força de vontade, cuidado em cada detalhe, e uma edição honesta para se chegar a uma matéria de 20 minutos.
Só posso dizer a todos que estiveram ao meu lado nessa reportagem, um obrigado. Obrigado, não. Muito, muito obrigado pela dedicação.
Tenho certeza de que o jovem apresentador Luiz Bacci deve estar orgulhoso por ter uma equipe tão dedicada e competente. E parabéns à Band pelo programa. Sua grande audiência poderá - quem sabe - nos trazer nova luz nessa busca a Marco Aurélio.
Aos amigos que tiverem paciência para ler este relato, agradeço de coração.
A todos, um Feliz Natal e Próspero Ano 2015.
Abraços afetuosos do Ivo

Link:
http://entretenimento.band.uol.com.br/ta-na-tela/videos/2014/12/16/15313396/escoteiro-esta-desaparecido-ha-29-anos.html

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

MATÉRIA NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO

A Folha de São Paulo publicou domingo, 09 de agosto de 2014, em Cotidiano, matéria de destaque entitulada "Pai não desiste da busca de filho desaparecido há 29 anos", por Eliane Trindade e fotos de Bruno Poletti/Folhapress.

Link:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/redesocial/2014/08/1498129-pai-nao-desiste-da-busca-de-filho-desaparecido-ha-29-anos.shtml

segunda-feira, 9 de junho de 2014

MISTÉRIO DO DESAPARECIMENTO DO ESCOTEIRO MARCO AURÉLIO COMPLETA 29 ANOS




Família não desiste de procurar Caquéio
  

Meia noite de 8 de junho de 2014. São 29 anos sem Caquéio, o apelido carinhoso com que chamávamos nosso filho, um garoto alegre, surpreendente, que lutou muito para viver e sobreviver e aos 15 anos desapareceu misteriosamente numa jornada escoteira ao Pico do Marins, na época o mais alto do Brasil, com 2.219 metros, próximo a Piquete, divisa entre São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Maior busca já realizada no Brasil, envolveu mais de 300 pessoas durante 28 dias seguidos, entre policiais civis, militares, alpinistas, espeleológos, mateiros da região e voluntários. O desaparecimento do nosso filho escoteiro, Marco Aurélio Bezerra Bosaja Simon, desafia a nossa inteligência e de todos quantos acompanharam as buscas.

Marco Aurélio participava de um grupo de quatro escoteiros de 15 anos, comandados pelo líder Juan Bernabeu Céspedes, quando a 1.700 metros de altitude um garoto machucou o joelho e o grupo decidiu voltar ao acampamento. Foi quando, ninguém entende o porquê disso, Juan teve a decisão absurda de autorizar a Marco Aurélio separar-se do grupo e ir buscar ajuda, num lugar desconhecido, onde não havia ninguém para ajudar.

Depois de andar cerca de 200 metros, marcando a passagem com um giz nas pedras, Marco Aurélio desapareceu, sem deixar vestígios. Juan, estranhamente, conduziu o grupo em outra direção, levando 15 horas para chegar ao acampamento às seis da manhã do dia seguinte. Deixou os garotos dormindo e voltou à serra, supostamente para encontrar Marco Aurélio, retornando ao acampamento quatro horas depois, sem localizar o garoto e sem explicações. Condutas estranhas, tão estranhas que depois de dois ou três dias de busca a polícia passou a suspeitar de que ele havia assassinado e enterrado o garoto na mata.

Pensei que hoje eu voltaria a ver Caquéio. Como penso a cada dia, ano após ano. Mas, na realidade, foi apenas mais um dia de espera por uma resposta que não vem, mas que busco incessantemente, num misto de resignação e revolta.

Resignação, porque penso no que ainda posso fazer para encontrar Marco Aurélio.

Lembrei hoje da vida e da sobrevida de Marco Aurélio em detalhes. O nascimento prematuro aos seis meses e meio, com o irmão gêmeo, Marco Antônio. Marco Aurélio pesando 1.050 kg e Marco Antonio 1.350 kg com poucas chances de sobreviverem. Mas minha esposa e eu sempre acreditamos positivamente, acreditando que Deus nos ajudaria.

Ficamos felizes quando eles tomaram a primeira mamadeira, na verdade uma gota de leite na boca, com conta-gotas. O médico pediu minha autorização para aplicar uma injeção em Marco Aurélio num momento crítico como única solução para tentar reanimá-lo, mas que também poderia ser fatal no momento da aplicação. Com dor no coração autorizei, e ele sobreviveu.

Depois de três meses em incubadora na Maternidade São Paulo, onde foram batizados nas isoletes, um ao lado do outro, e com bolo para as enfermeiras e médicos, chegamos em casa com os dois garotinhos num mesmo cestinho.

Caquéio nasceu com megacólon congênito (paralisação de parte do intestino). Passaria por duas transfusões de sangue, duas cirurgias – um delas com 37 dias de hospitalização na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - ,  e anos seguidos de dolorosas dilatações intestinais. Sempre esbanjando felicidade. Quando perguntávamos como se sentia, ele só levantava o polegar em sinal de positivo. Sem nunca se queixar. Cianótico por diversas vezes, tremia nos dias de frio e necessitava de muitos agasalhos. E foi superando todos os seus problemas de saúde. Em 1985, então com 15 anos, esse ser iluminado estava pronto para a vida e já fazia a Escola Técnica onde era líder e referência na classe, conforme depoimento dos professores, anexado ao inquérito policial.

O sentimento de revolta é comigo mesmo, pela minha ingenuidade ao confiar em um chefe escoteiro irresponsável, desqualificado e portador de problemas mentais, como vim a saber depois dos fatos, conforme consta nos autos de avaliação psicológica no inquérito, que o apontam como psicopata, frio e calculista. Detalhes que, na minha ingenuidade, não detectei a tempo e hoje tenho convicção de que são verdades. Basta ver quantas vezes o alienado Juan declarou que, se necessário, voltaria a agir exatamente como naquela ocasião, ou seja, ele garante que acertou ao liberar o garoto para seguir sozinho em busca de um socorro que não existia. Ainda hoje revi a sua entrevista à TV Aparecida, no programa Tvendo e Aprendendo, sete anos atrás, reafirmando que agiu corretamente. Sem dúvida, um chefe alienado e retardado.

Juan desapareceu da vida dos Simon. De freqüentador assíduo da nossa casa, sumiu logo após o fato, escondendo-se em Manaus, sem nunca ajudar com ações ou com uma palavra amiga à família que atraiçoou, ardilosamente. Portou-se durante esses 29 anos como um repelente assassino, o que não deixa de realmente ser, porque com sua ação matou 29 anos de nossas vidas. Tive dois infartos. Minha esposa tem cinco doenças autoimunes. Tudo por fundo emocional, conforme diagnósticos médicos.

Mas não obstante o rigor das buscas realizadas, incluindo três equipes do COE – Comando de Operações Especiais, helicópteros e cães farejadores, não foi encontrado um único vestígio sobre Marco Aurélio na serra. Nem roupa, bota, cinto escoteiro ou pegadas. Muito menos  o local onde teria sido enterrado por Juan.

Diversas hipóteses foram levantadas. Teria sido levado pela seita religiosa Borboletas Azuis, abduzido por Disco Voador, fugido de casa (como pensar nisso se todos os seus documentos e dinheiro ficaram na barraca e em São Paulo ele circulava tranquilamente com o dinheiro que quisesse?).

Em encontro reservado com Chico Xavier, na residência do próprio, em Uberaba, ele nos disse: “Só me comunico com entes desencarnados”. Perguntei se Marco Aurélio estava vivo e ele repetiu a mesma resposta.

Por isso, continuo a acreditar em encontrar Caquéio bem vivo. E vou encontrá-lo. Tenho até hoje a ajuda de amigos e do povo brasileiro.

Assim peço a você, caro leitor, caso conheça alguma pessoa com origem desconhecida, parecida com as características de Marco Aurélio, escreva-nos ou entre em contato com a polícia local contando o fato. Marco Aurélio tem as seguintes características (baseadas nas do irmão gêmeo atualmente): 1m68 de altura, magro, ligeiramente estrabico, cicatriz de cirurgia no abdômen, cicatriz no lábio superior.

Se possível, envie-nos as impressões digitais da pessoa, para que possamos confrontá-las com as de Marco Aurélio. Como orientação anexamos diversas fotos sobre como poderá estar hoje Caquéio, aos 44 anos.

Este é o resumo dessa longa e triste novela, que rezo para que não se repita com mais ninguém. E um alerta aos pais: olhem bem a quem confiam seus filhos. Duvidem de títulos, condecorações e histórias fantasiosas. Lembrem da nossa história e do farsante líder.  

Meus companheiros da imprensa ajudaram muito na divulgação nesses 29 anos. Programas de TV como J.Silvestre, Moacyr Franco Show, Fantástico, Silvia Popovic, Leonor Silva, Fantástico, Domingo Legal, Balanço Geral, Domingo Espetacular, Amaury Jr., Tvendo e Aprendendo, Gil Gomes, radialistas como Paulo Barbosa e Saulo Gomes, jornais de todo o país e do exterior, revistas Veja, Contigo, sites diversos, entre tantos veículos de divulgação.

Mas preciso de mais ajuda. Só mantendo essa divulgação é que as pessoas poderão encontrar Marco Aurélio. Conto com o seu apoio, por favor, caro jornalista.

Abraços do jornalista Ivo Simon, pai de Caquéio.
Abraços da jornalista e professora Neuma Simon, mãe de Marco Aurélio.